quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Como a modernização e a tecnologia influenciam nas relações humanas



O presente artigo aborda, questões pertinentes à modernização e a tecnologia, seus avanços e influências no cotidiano do ser humano. A Revolução Industrial tornou as organizações maiores e mais complexas, trazendo consigo avanço tecnológico e uma visão focada para a lucratividade e produtividade, onde homens já não identificam-se com o produto de seu trabalho.

Cada vez mais percebemos em nossos lares e local de trabalho, as amarras da tecnologia bitolando fortemente o ser humano, individualizando-o, dificultando seu contato e relacionamento com os demais, mutilando indiretamente a criatividade, a imaginação, a percepção e a espontaneidade. Uma grande parte de nossas vidas é gasta nos domínios da conformidade; estamos sujeitos à considerável manipulação e ajustamento, e é bem possível que muitas das escolhas que nos estão abertas, são mais aparentes do que reais.

O homem vai deixando de lado sua capacidade criadora para tornar-se a “engrenagem de uma máquina”. A experiência do homem urbano, metropolizado, funde-se com a tecnologia moderna. Mudanças na estrutura urbana, na arquitetura, nos meios de comunicação e no transporte de uma sociedade midiática correspondem à nova estrutura da vida. Parece que o ritmo das máquinas impõe um novo ritmo e um novo tempo para o ser humano.

Há pouco mais de cem anos o Brasil era um país predominantemente agrário. Ainda que as cidades existissem e que algumas fábricas pudessem ser encontradas em certas regiões do país, a paisagem rural foi largamente preponderante até 1870 pelo menos. A riqueza brasileira provinha até então, principalmente da agricultura e da exportação de produtos agrícolas. Senhores de terra e escravos constituíam as camadas sociais mais importantes, embora um contingente de população livre se tornasse gradativamente expressiva a partir de 1850, quando o sistema de produção brasileiro, herdado do período colonial, entrou em colapso com a extinção do tráfico negreiro, entre outros fatores (DECCA, 1991).


O homem vai sendo mudado, ocupa seu planeta como espécie. Os jovens reagem ao vazio de uma educação superada. Nada tem a ouvir ou dizer a uma sociedade robotizada e buscam comunicação não verbal na música e na dança. Daí, o espectro do desemprego e da ausência de propriedade na era da eletricidade. Riqueza e trabalho tornam-se fatores de informação, e estruturas totalmente novas são necessárias para dirigir um negócio ou relacioná-lo com mercados e necessidades sociais. A insensibilidade coletiva em relação aos efeitos da tecnologia e dos meios impede a tomada de consciência sobre como eles atuam. A elevada aceleração dos processos, talvez provoque as mudanças que hoje não se processam na consciência do homem. E, em tudo isso, o homem, eterno ou moldado, como fica ante o novo mundo que ele próprio organiza sem saber (FIORE, 1969)?

O processo de tecnologia de nosso tempo está remodelando e reestruturando padrões de interdependência social e todos os aspectos de nossa vida pessoal. Por ele somos forçados a reconsiderar e reavaliar, praticamente todos os pensamentos, todas as ações e todas as instituições. Tudo está mudando dramaticamente.

O processo mais atingido da observação tornou-se completamente irrelevante nestes tempos novos, porque se baseia em reações psicológicas e conceitos condicionados pela tecnologia de outrora – a mecanização.

Confusões inumeráveis e um profundo sentimento de desespero emergem invariavelmente nos períodos de grandes transições tecnológicas e culturais. O nosso, é o tempo de romper barreiras, de suprimir velhas categorias, de fazer sondagens em todas as direções.

Hoje, dominar os recursos tecnológicos genéricos e específicos da empresa é requisito essencial para que os profissionais contribuam para a competitividade dela no mercado. Entretanto, esses mecanismos, quando mal utilizados pelos funcionários, podem trazer resultados inversos. Para evitar o problema, é preciso que os funcionários possuam um perfil de adaptação a esses recursos, para que saibam operá-los de forma correta e assim promover o crescimento da organização. Mas o que fazer para adaptar os funcionários ao perfil exigido pelas atuais soluções tecnológicas implantadas pelas empresas? Será que está havendo tempo, em meio a corrida acelerada para a obtenção de lucro, de preocupar-se com o ser humano?

Segundo FIORE (1969), os sistemas de circuitos elétricos derrubam o regime de “tempo” e “espaço” e despejam sobre todos nós instantaneamente e continuadamente as preocupações, todos os padrões de trabalho fragmentado tendem a combinar-se mais uma vez em “papéis” ou formas de trabalho comprometidos e exigentes. A fragmentação das atividades, nosso hábito de pensar em pedaços e partes – a “especialização” – refletiram, passo a passo, processo de departamentalização linear inerente à tecnologia do alfabeto.

A modernização e tecnologia entrelaçam os homens uns com os outros. As informações despencam sobre nós, instantaneamente e continuadamente. Tão pronto se adquire um novo conhecimento, este é rapidamente substituído por informação ainda mais recente. Nesse mundo, eletricamente configurado, forçou-nos a abandonar o hábito de dados classificados para usar o sistema de identificação de padrões.

SCHWEITZER3 (1948, citado por MESQUITA, 1978) afirma que as afinidades com o nosso próximo desapareceram. Estamos a caminho franco da desumanização. Onde a idéia de que a pessoa como pessoa nos deva interessar periclita; periclitam também com ela a cultura e a moral. Daí, para a desumanização completa da vida pouco vai: é questão apenas de tempo.

Nossa cultura oficial se esforça para abrigar os novos meios a fazerem o trabalho dos antigos. Atravessamos tempos difíceis, pois somos testemunhas de um choque de proporções cataclísmicas entre duas grandes tecnologias. Abordamos o novo com o condicionamento psicológico e as reações sensoriais antigos. Esse choque sempre se produz em períodos de transição.

À medida que novas tecnologias entram em uso, as pessoas ficam cada vez menos convencidas da importância da auto-expressão.

Antigamente, o problema era inventar novas formas de economizar trabalho. Hoje o problema inverteu-se. Agora temos que ajustar-nos e não mais inventar. O trabalhador individualmente está fragmentado, sendo executor de uma tarefa simples e rotineira. A mecanização da produção reduziu o trabalho a um ciclo de movimentos repetitivos.

Será que as pessoas estão preparadas para absorver a quantidade e a qualidade de tecnologia que está sendo gerada atualmente? Quem trabalha com essa tecnologia está devidamente integrado a ela ou tem uma visão limitada, que permite apenas a utilização parcial dessas novas ferramentas? Ou serão apenas acionadores de um botão?

Segundo STAREPRAVO (s/d), no mundo atual, ironicamente protestamos contra o desperdício de recursos naturais. Gastam-se milhões para proteger ou preservar estas riquezas, sem se levar em conta o próprio desperdício humano. Desperdício de capacidade, habilidade e talentos, o grande desperdício de nossos próprios recursos pessoais. Cada indivíduo é uma fonte inesgotável destes recursos, e para que eles funcionem, nos ajudando a conquistar novas metas, é suficiente reconhecê-los, e decidir usá-los através do esforço individual.

A maioria dos psicólogos é de opinião que a maior parte das pessoas se subestima, e tem um conceito pobre de si mesma e é este conceito negativo sobre si mesmo, que restringe sua percepção, castra seus ideais e as impede de ver o que lhes foi destinado. Na verdade, somos possuidores de uma enorme quantidade de atributos, capacidades, habilidades e talentos que jazem inativos no mais profundo do nosso ser. Vivemos hoje, numa dinâmica, numa concorrência muito grande, a tal ponto que: “quem correr será alcançado. Quem parar será atropelado e esmagado pelo choque do futuro”. Só quem desenvolver altíssimas velocidades conseguirá distanciar-se dos limites (STAREPRAVO, s/d).

Referências

AGOSTI, H. P. Condições Atuais do Humanismo. Rio de Janeiro, Paz e Terra S. A., 1970.
DECCA, M. A. G. Indústria, Trabalho e Cotidiano. São Paulo, Atual Editora Ltda. 13ª ed. 1991.
DI LASCIO, C. H. R. A Psicologia no Trabalho. Revista Contato – CRP 08, ano 23/ nº 113, p.11, Curitiba, 2001.
DIMITRIUS, J. E. & MAZZARELLA, M. Decifrar Pessoas. São Paulo, Alegro, 17ª ed., 2000.
FIORE, M. M .L. Q. O meio são as Massa-gens. Rio de Janeiro, Record, 1969.
LIEVORE, J. A. Marketing Pessoal. Londrina, Grafmark. 3º ed , 2000
MC CULLOUGH, W. Ambiente do Trabalho. Rio de Janeiro, Fórum Editora Ltda, 1973
MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo, Cultrix, 2000.
MESQUITA, E. A Técnica, o homem e a vida social. São Paulo, Artes Gráficas, 1978.
ORTIZ, R. Mundialização e Cultura. São Paulo, Brasiliense 2ª ed., 1996.
STAREPRAVO, B. Segredos da Realização. S/D
WEIL, P. Relações Humanas na Família e no Trabalho. Rio de Janeiro, Vozes, 30ª ed., 1976.

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